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sábado, 2 de maio de 2015

Como Parar a Ecolalia em Crianças com Autismo

Ecolalia é a repetição de sons que crianças autistas costumam fazer. A coisa boa da ecolalia é que é uma boa indicação do desenvolvimento da linguagem da criança. No entanto, se não for verificada, a ecolalia pode se tornar um hábito que interfere na aquisição das habilidades sociais da criança. A melhor forma possível de parar a ecolalia é ensinando à criança autista formas mais eficientes de comunicação.

Método 1 de 3: Ensinando Seu Filho as Formas de Responder Perguntas
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1
Ajude seu filho a entender que não tem problema dizer “eu não sei”. Para perguntas às quais elas não sabem a resposta, crianças autistas devem ser ensinadas a dizer “eu não sei”. Dessa forma, a ecolalia pode ser controlada fazendo sua parte para melhorar as habilidades de comunicação da criança.
  • Há evidências que sugerem que treinar uma criança a usar “eu não sei” para responder a perguntas ajuda-a a escolher e usar novas frases adequadamente. Dessa forma, a repetição da última palavra ou da mesma frase que elas ouvem pode ser controlada.
  • Podem perguntar para a criança algo com que ela não é familiarizada. Por exemplo: onde estão seus amigos? Para ajudá-la a lidar com a pergunta, a resposta “eu não sei” pode ser útil. Essa pergunta pode ser feita repetidamente e auxiliada respondendo como mesmo “eu não sei” até que a criança finalmente responda sozinha.
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2
Motive seu filho a dar a resposta certa. Crianças com autismo estão propensas a recorrer à ecolalia quando elas não sabem o que dizer ou como responder a uma pergunta. Elas não sabem que respostas seriam apropriadas para a pergunta. Então a melhor abordagem é ensinar a criança a resposta correta.
  • Por exemplo: para a pergunta ‘qual é o seu nome?’, a resposta correta pode ser ensinada em vez de “eu não sei”. O exercício pode ser repetido até a criança dar a resposta correta quando for questionada.
  • Mas essa abordagem nem sempre é aplicável. A criança pode não aprender as respostas corretas para todas as perguntas. Por exemplo: qual é a cor da sua camisa? A cor irá mudar de acordo com a camisa que ela estiver usando em um dia particular. Pode não haver uma única resposta. Então essa abordagem só pode ser empregada para questões padrões.
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3
Ajude seu filho a superar a ecolalia usando um jogo de preencher as lacunas. A criança pode aprender a usar o formato de preencher lacunas. Por exemplo: “Eu quero comer -----,” e mostre a elas as opções, por exemplo, maçã ou biscoito.
  • Deixe-as dizer o que elas querem para preencher a lacuna. Se elas não conseguirem dizer o que querem, você pode perguntar se elas desejam comer uma maçã ou um biscoito.
  • Provavelmente a criança irá repetir a última palavra que ela ouviu, como biscoito, mesmo se quiser comer maçã. Então dê a ela o biscoito, e se ela parecer insatisfeita com isso, tente dizer “parece que você não quer comer esse biscoito. Então você quer comer essa maçã?” E mostre a maçã a ela. “Se você quiser comer essa maçã, diga ‘sim’”. Um ‘sim’ pode ser dito para ajudar a criança.
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4
Ensine ao seu filho respostas prontas. Uma das técnicas que podem garantir o mesmo sucesso para parar a ecolalia em crianças é a criação de respostas prontas para ela começar a usar.
  • Elas podem se tornar as respostas para algumas das perguntas mais comuns e gerais. Quando a criança conseguir lidar com questões gerais, ela pode seguir em frente para lidar com outras perguntas, que têm traços de indagações mais comuns, mas que podem ser mais específicas.
  • Esse processo gradual pode fornecer instrumentos para construir confiança, vocabulário, comunicação e interação adequada na criança.
Método 2 de 3: Usando Técnicas de Exemplo
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1
Entenda o que é a técnica de exemplo. Para tratar a ecolalia e estimular respostas adequadas na criança, o pai, terapeuta ou qualquer outro adulto lidando com a criança terá que dizer coisas na forma como as respostas devem ser usadas pela criança.
  • Isso é porque a criança tende a repetir o que foi dito a ela, que pode aprender as respostas certas ouvindo o que deve repetir e aprender.
  • Então, em vez de fazer perguntas à criança e ensiná-la as respostas certas, a ênfase deve ser levada à imitação de respostas, porque uma criança autista com ecolalia irá repetir exatamente o que você disser a ela. Essa técnica é chamada de "exemplo".
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2
Use as palavras exatas que você gostaria que a criança usasse. A técnica de exemplo deve incluir as palavras exatas e frases que a criança entende, seleciona e reproduz. Se ela não gostar de participar de uma atividade, ela pode expressar o desagrado gritando, ficando violenta, chorando ou de outras formas desagradáveis. Como elas são tão boas em repetir, as crianças podem ser auxiliadas a dizer palavras e frases como ‘não quero’, ‘não’, ‘agora não’.
  • Por exemplo: você já sabe que a criança não gosta de brincar com certo brinquedo, mas para ensiná-la a expressar isso verbalmente, pode fazê-la brincar com esse brinquedo e ficar usando frases ou palavras como ‘não’, ‘não gosto’, ‘não quero’.
  • Dessa forma, você pode tirar vantagem da ecolalia para ensinar a criança a se comunicar e aprender o vocabulário. Quando a criança escolher as palavras e frases certas para se comunicar, a ecolalia gradualmente começará a desaparecer.
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3
Construa o vocabulário e as habilidades de comunicação do seu filho. Se você pretende dar um lanche a ele ou se for hora do leite, então é necessário dar um exemplo dizendo “----- quer tomar leite (o nome da criança deve ser usado na parte em branco). “------ está pronto para comer”.
  • Como a criança é boa em lhe repetir, isso pode ser usado para construir o vocabulário e comunicação. Geralmente, uma criança autista recorre à ecolalia porque não sabe o que dizer e como responder a pergunta, solicitação ou exigência.
  • Mas quando ele está selecionando a linguagem e construindo seu vocabulário, então a necessidade de se comunicar verbalmente substitui a ecolalia.
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4
Diga frases para seu filho, em vez de apenas fazer perguntas. Ao usar a técnica do exemplo para controlar a ecolalia na criança, é melhor evitar perguntas como “você quer isso?”, “Você quer que eu lhe ajude?”, “Você gosta disso?”, porque elas ficarão estagnadas nesse padrão de perguntas, como resultado da tendência de selecionar o que elas ouvem. Então, dê o exemplo do que ele deve dizer.
  • Por exemplo: se você o vir tentando alcançar algo, em vez de perguntar “Você quer que eu lhe ajude?”, ou “eu devo lhe dar isso?”, tente dizer “me ajuda a pegar o brinquedo”, “me levanta para eu pegar o livro”. Repetidamente expondo-a ao que ela deve aprender ou repetir, a criança pode superar a ecolalia.
  • Finalmente, isso resolve a necessidade da criança de fazer repetições irrelevantes devido à sua inabilidade de responder adequadamente. Quando ela começar a aprender e a entender as nuances da comunicação simples, ela poderá seguir em frente sem o uso da ecolalia.
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5
Evite dizer o nome da criança quando estiver praticando o modelo de exemplo. Deve-se tomar cuidado quando tentar conversar ou ensinar uma criança autista que usa a ecolalia, porque ela tem uma tendência forte de repetição. Ela também é muito boa em imitar. Então elas escolhem o que ouvem com uma facilidade relativa.
  • Por exemplo: quando seu filho precisar ser elogiado por um trabalho bem feito, em vez de usar o nome da criança, use a palavra que a parabeniza sozinha. Em vez de dizer “muito bom, Alex”, diga apenas “muito bom” ou mostre através de ações, na forma de beijos ou abraços.
  • Em vez de dizer “Oi Alex”, pode ser melhor dizer apenas “oi”. Usar o nome dele nessas situações é como reforçar a ecolalia, porque quando ele tiver que dizer “oi”, ele tende a acabar usando o próprio nome também.
Método 3 de 3: Buscando Apoio para Seu Filho
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1
Matricule seu filho em um programa de terapia musical. Pesquisas mostram grandes evidências de que a terapia musical tem um efeito profundo no tratamento dos sintomas do autismo em crianças e adolescentes.
  • Pode ser usado para melhorar a comunicação verbal e não verbal, e para melhorar habilidades sociais, enquanto reduz o comportamento de imitação. Terapia musical age como um estímulo e facilita o desenvolvimento da linguagem, enquanto atrai a atenção de crianças com autismo.
  • Músicas e jogos estruturados com música são parte da terapia musical. Essa intervenção musical é baseada na estrutura na qual a criança é encorajada a participar em comunicação recíproca, envolvendo-a em uma seleção de música.
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2
Marque uma consulta com um fonoaudiólogo. Ele pode lidar com o problema e oferecer soluções a uma variedade de problemas relacionados à fala e comunicação. Essa técnica envolve:
  • Massagear e se certificar de que os músculos faciais e os lábios recebam exercícios amplos para garantir que a articulação seja refinada.
  • Envolver a criança no canto de músicas particularmente rítmicas e fáceis.
  • Usar o sistema de comunicação por troca de imagens que integra fotos e palavras. A criança pode aprender a usar fotos e depois relacioná-las às palavras.
  • Uso de sistemas eletrônicos. Crianças com autismo geralmente são boas com computadores e outros eletrônicos. Então elas podem ficar envolvidas com a digitação.
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3
Ajude seu filho a se sentir mais tranquilo. Às vezes, a criança usa a ecolalia como uma reação natural às coisas que a sobrecarregam. Ela busca refúgio na ecolalia como uma forma de ter uma confirmação para si mesmo de que tudo está bem. Alguns dos fatores que podem perturbar a tranquilidade frágil da criança são a falta de uma dieta adequada e de descanso, sentir-se emocionalmente estressado, entediado ou cansado. Então cabe ao pai ou ao adulto fornecer o apoio e o cuidado necessários para a criança.
  • Crianças com autismo desenvolve ecolalia como forma de comunicação, porque elas estão dispostas a se comunicar, mas não têm as palavras, as frases e a gramática certa. Isso pode estressá-la. O pai pode precisar sustentar suas necessidades emocionais tentando envolver a criança em uma forma melhor e mais eficaz de comunicação.
  • Tente envolver a criança em várias outras atividades que sejam adequadas a ela, como esportes, arte, etc. Isso pode estimular a confiança dela, e quando isso acontece, a criança estará mais disposta a fazer esforços para ter uma conversa mais significativa, deixando a ecolalia desaparecer.
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4
Saiba a diferença entre ecolalia imediata e atrasada. A ecolalia pode ser tanto imediata quanto atrasada. Exemplo de ecolalia imediata: você deve perguntar para a criança “você tomou o café da manhã?” e a criança responde algo como “tomou o café da manhã?”.
  • Exemplo de ecolalia atrasada: a criança ouve alguém dizer algo, provavelmente na televisão, telefone, filme, etc., e guarda isso na memória e usa quando for necessário. Por exemplo: o garoto pode ouvir algo como “eu amo panqueca”, então depois, quando tiver fome, ele tenta transmitir essa informação dizendo “eu amo panqueca”, embora ele não tenha a intenção de comer panqueca para saciar sua fome.
  • Se a criança usar ecolalia, então é provável que ela entenda o conceito de comunicação e esteja disposta a aprender a se comunicar, e que também esteja tentando se comunicar sem ter as habilidades para se envolver em uma comunicação significativa e eficaz.
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5
Crie um bom ambiente de aprendizado para seu filho. A presença da ecolalia se torna mais pronunciada durante as situações e tarefas que a criança acha incompreensíveis, desafiadoras ou imprevisíveis. Essas situações e tarefas criam medo, raiva, ansiedade e um sentido de insegurança que provoca a ecolalia. Então, criar uma atmosfera favorável para a sua participação e envolvimento em tarefas, atividades e aprendizado é vital para que ela supere a ecolalia.
  • Ela deve receber tarefas e atividades que não a estimulem exageradamente. Seu progresso deve ser avaliado cuidadosamente antes que ela siga em frente para o próximo nível de aprendizado. Isso é para construir gradualmente a confiança. Exemplos de ecolalia tendem a ser reduzidos quando a criança cria confiança.
  • A ecolalia pode surgir quando a criança acha difícil compreender o que está sendo pedido a ela. Quando tem confiança, ela ficará confortável o suficiente para dizer que não consegue seguir o que ouviu e pedirá ajuda para entender.
Dicas
  • Para chamar a atenção da criança para construir seu vocabulário e demonstrar habilidades de comunicação, os pais podem se esforçar para ajudar seu filho a entender as palavras, frases e seus significados. Frases podem ser usadas em um formato simplificado para a criança entender facilmente. O uso de sistemas visuais pode ser empregado, porque crianças com autismo gostam de aprender visualmente. Esses sistemas podem ser na forma de fotos, imagens, cartões, desenhos e cores.

Fonte: WikiHow



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domingo, 1 de março de 2015

Tudo o que você queria saber sobre autismo e Fábio Porchat não teve vergonha de perguntar!


Fabio Porchat chamou  Nicolas Brito um autista para uma conversa só para entender um pouco mais sobre autismo. A conversa foi descontraída e leve.


Entenda um pouco mais sobre os tipos do autismo.

Identificamos que existem vários tipos de Autismo, entretanto cada síndrome com sua nomenclatura específica:
Autismo Clássico, Síndrome de Asperger, Autismo Atípico, Autismo de Alto Nível Funcional, Perturbação Semântica-Pragmática, Perturbação do Espectro do Autismo.

O que significam essas palavras e expressões?


Todas estas palavras e expressões são utilizadas para descrever formas de autismo ou estados relacionados com o autismo (autismo). O autismo é uma dificuldade qualitativa que afeta a forma como uma pessoa comunica-se com outras pessoas e relaciona-se com o mundo à sua volta. As pessoas com autismo têm dificuldades em duas áreas principais. Estas áreas são, por vezes, chamadas tríade dos desvios qualitativos (da comunicação):

-> Dificuldades em compreender e usar a linguagem para comunicar-se.

-> Dificuldades nas interações sociais e nas relações com pessoas.

Muitas pessoas com autismo têm reações incomuns às sensações como sons, luzes ou toques. Podem ter também dificuldades de aprendizagens, dislexias ou outras dificuldades. Contudo, as pessoas com Síndrome de Asperger, não têm dificuldades de aprendizagem, mas partilham as duas principais dificuldades apresentadas acima.
Pensam que existem mais de 535.000 pessoas com autismo no Reino Unido. O autismo é mais comum nos homens do que nas mulheres.
As pessoas com autismo não têm deficiência física. Não necessitam de cadeiras de rodas e a maioria parece igual a qualquer outra pessoa que não tenha autismo. Por isto, pode ser mais difícil para as outras pessoas compreenderem como é ter autismo.

O que causa o Autismo?   


 Ninguém sabe ao certo qual é a causa, mas existem estudos que apontam possíveis ligações genéticas. Também pode ser associado com a forma como o cérebro se desenvolveu antes, durante ou pouco após o nascimento.

O autismo não é causado por mau desempenho dos pais ou pela educação de uma criança.

Dificuldades com a linguagem e habilidades de comunicação

As pessoas com autismo poderão:

-> Ter dificuldades em compreender e utilizar gestos, expressões faciais ou tons de voz;
-> Ter dificuldade em responder a perguntas ou em seguir instruções;
-> Repetir o que foi dito. Isto significa “ecolália”;
-> Ter dificuldades em iniciar e manter uma conversa
-> Usar palavras complexas, mas não compreender o sentido destas
-> Falar de um interesse específico que têm, sem se aperceberem de que os outros não partilham desse interesse;
-> (Algumas pessoas com autismo) poderão não desenvolver a fala.

Como você pode ajudar:

-> Atraia a atenção da pessoa antes de iniciar uma conversa (por exemplo, dê um toque no ombro da pessoa autista ou diga o nome dela).
-> Utilize um nível de linguagem que a pessoa possa compreender.
-> Fale claramente e use palavras curtas.
-> Utilize imagens para ajudar à compreensão.
-> Dê tempo ao autista para que ele reaja ao que você disse.
-> Considere outras formas de comunicação, tais como a escrita, gestos ou utilize imagens se for necessário.

Dificuldades com a interação social e relação com pessoas

As pessoas com o autismo poderão:
-> Ter dificuldades em compreender as emoções e sentimentos das outras pessoas;
-> Ter dificuldade em expressar as suas emoções e sentimentos de uma forma socialmente aceita.
-> Querer interagir com outras, mas não saber como interagir;
-> Ter dificuldade em relacionar-se com outras pessoas, mas não saber interagir com os outros.
-> Não compreender as regras sociais para diferentes situações,
-> Não querer partilhar atividades com outros;
-> Não gostar de conhecer outras pessoas;

Como você pode ajudar:

-> Aceite que a pessoa autista pode precisar de algum tempo a sós;
-> Tente expressar claramente os seus sentimentos. Caso se sinta feliz, mostre-se feliz e diga que está feliz;
-> Incentive a pessoa autista a interagir com os outros, por exemplo, se gostar de computadores, não poderia entrar para uma comunidade eletrônica?
-> Com o tempo, ajude a pessoa a desenvolver habilidades em relação à interação social, talvez treinando certas situações em casa ou na escola. Um assistente social, professor ou outro profissional poderá ser capaz de ajudar;
-> Ajude a pessoa autista a compreender e a explicar os seus sentimentos. Por exemplo, dê ao seu filho o brinquedo preferido dele e diga: Isto te faz feliz.

Anomalias Motoras

-> Podem permanecer imóveis durante um tempo prolongado.
-> Distúrbios de comportamento, atos rituais esteorotipados, repetição de um mesmo movimento, com o tronco para frente e para traz.
-> Movimentos com as mãos e os braços no vazio, sem qualquer significado.
-> Caminhar rígido ou em círculos, com os braços apertados sobre o corpo.
-> Hiperatividade.

Características comportamentais

Devido às dificuldades que enfrentam algumas pessoas com autismo poderão parecer comporta-se de forma inadequada. As razões pelas quais isto acontece podem ser:

-> A pessoa está tentando se comunicar;
-> A pessoa não compreende as regras sociais;
-> A pessoa sentir-se ansiosa, assustada ou frustrada;
-> A pessoa gosta de uma determinada atividade, mas não compreende as conseqüências desta. Por exemplo, uma pessoa com autismo adorava o som do vidro partindo-se, mas não percebia que não era seguro nem aceitável partir vidros em público.

Como você pode ajudar

-> Trabalhe com a pessoa autista no sentido de incentivá-la à utilização de melhores formas de comunicação;
-> Canalize o comportamento para formas socialmente aceitas. Por exemplo, se a pessoa gosta de bater palmas com força, incentive-a a tocar um instrumento como a bateria;
-> Se a pessoa estiver ansiosa ou aborrecida, procure um lugar sossegado onde ela possa acalmar-se;
-> Se você souber que existe um objeto que ajudará a criança autista a acalmar-se, como um brinquedo preferido, mantenha-o por perto;
-> Dê alternativas sempre que possível. Por exemplo, se a pessoa não gosta de barulhos intensos, dê a ela fones de ouvido para usar quando estiver na rua;
-> Procure o aconselhamento de um médico se você considera que pode haver um problema de ordem médica;
-> Exponha lentamente a pessoa a algumas das situações com as quais ela tem dificuldades;
-> Dê há ela tempo para desempenhar a sua atividade preferida num ambiente seguro.

Fonte : http://autismonainfancia.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

NÃO É AUTISMO, É IPAD!

A fonoaudióloga Maria Lúcia Novaes Menezes está preocupada com um fenômeno que tem percebido nos últimos tempos: o aumento do número de crianças muito novas – de dois ou três anos – usando tablets.
Profissional com mais de 30 anos de experiência, a doutora tem atendido, em seu consultório no Rio de Janeiro, inúmeros casos em que os pais chegam a suspeitar que os filhos são autistas, sem perceber que o uso prolongado de tablets, joguinhos eletrônicos e celulares é que está dificultando o desenvolvimento da comunicação das crianças.
Fiz uma breve entrevista com a doutora Maria Lúcia Novaes Menezes. Aqui vai a conversa:

A senhora disse estar assustada com o número de pais que deixam filhos pequenos - crianças de dois ou três anos - usarem tablets. Isso tem aumentado nos últimos tempos?
A cada ano percebe-se que aumenta o número de crianças com menos de três anos de idade fazendo uso de tablets. Podemos observar, nos shoppings, bebês com tablets pendurados nos carrinhos. Isso tem prejudicado o desenvolvimento da linguagem e, principalmente, da socialização.

Quais as consequências que a senhora tem percebido nas crianças?
Se considerarmos que, nos primeiros três anos de vida da criança o desenvolvimento da cognição social se dá através do desenvolvimento da intersubjetividade, ou seja, que as diferentes fases da interação da criança com seus pais e cuidadores se dão através de compartilhar experiências e do olhar da criança para o outro, a utilização do tablet impede estas ações.
O tablet, utilizado por longo tempo, retira do contexto da criança esse contato fundamental para a socialização, causando um prejuízo no desenvolvimento das habilidades humanas que dependem da socialização, do envolvimento com o outro, prejudicando o desenvolvimento da socialização e do aprendizado que depende de experiências com o mundo à sua volta.

A senhora mencionou que alguns pais a procuram para tratar de supostos problemas de comunicação das crianças, sem perceber que o uso do tablet é uma das principais razões para isso.
O que tenho observado, principalmente no último ano de clínica, é que o uso do tablet e outros eletrônicos está cada vez mais tomando o lugar da interação entre as crianças e seus pais e o brincar no contexto familiar. Os pais passam muito tempo no trabalho, chegam em casa cansados e, quando os filhos querem assistir desenhos e joguinhos no tablet, eles liberam, em vez de tentar conversar ou brincar.
Como conseqüência, se a criança tem alguma dificuldade para adquirir a linguagem e a socialização, essa pouca comunicação com os pais poderá desencadear esse déficit. Talvez, em um contexto familiar onde fosse mais estimulado a se comunicar e brincar, essa dificuldade não aparecesse de forma tão acentuada. Essa hipótese surgiu da minha prática clínica, onde na entrevista com os pais eles relatam o uso de tablets, jogos no celular e DVD. Tem acontecido com freqüência que a observação dos pais da forma que interagimos e brincamos com a criança no set terapêutico e como, aos poucos, seu filho vai começando ou expandindo a sua comunicação e o interesse em brincar, eles mudam a dinâmica com seus filhos no contexto familiar, a comunicação verbal e social da criança começa a expandir, os pais ficam mais tranqüilos e mais próximos dos filhos, e a criança, tendo a companhia do pai ou da mãe, passa a se interessar mais pelos brinquedos e em brincar e diminui o interesse pelo tablet, DVDs e joguinhos nos celular.

A senhora mencionou casos em que os pais suspeitavam ter um filho autista, mas o problema da criança se resumia a uso prolongado de novas tecnologias.
No ano de 2014 atendi crianças com idade em torno de dois anos, trazidas com queixa de comunicação social e desenvolvimento da fala, os pais suspeitando de autismo. Mas, ao mudar a dinâmica familiar, essas crianças apresentaram uma mudança muito grande na sua comunicação social e verbal.

O que os pais devem fazer para evitar problemas desse tipo, numa época em que os tablets estão em todos os lugares?
Sei que é difícil ir contra o sistema e penso que a criança deve ser cobrada pelos amiguinhos para ter e usar um tablet. O que talvez auxiliasse a romper com o hábito dos joguinhos eletrônicos e tablets seria restringir ao máximo possível o uso do tablet. Talvez a melhor forma de se conseguir é dando mais atenção ao filho através de conversas, do brincar, e utilizar mais jogos não eletrônicos e mais interativos.
Currículo de Maria Lúcia Novaes Menezes
Fonoaudióloga formada em 1984 pela Faculdades Integradas Estácio de Sá, mestre em Distúrbios da Comunicação, em 1993, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com cursos na New York University reconhecidos e creditados neste mestrado e doutora em Saúde da Criança e da Mulher pela Fundação Oswaldo Cruz (2003). Aposentada da FIOCRUZ em 2014, mas ainda permanecendo como orientadora do projeto de pesquisa do Ambulatório de Fonoaudiologia Especializado em Linguagem / AFEL. Atua como fonoaudióloga na clínica em avaliação e diagnóstico dos distúrbios da linguagem e orientação aos pais. Autora da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem, idealizado, padronizado e validado no Brasil para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança brasileira.
Fonte: R7

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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Guia de Estimulação para Crianças com síndrome de Down


Guia de Estimulação para Crianças com síndrome de Down
A coleção Guia de Estimulação para Crianças com Síndrome de Down foi desenvolvida pelo Movimento Down em parceria com especialistas para que mães e pais possam colaborar no desenvolvimento de seus filhos com exercícios simples do dia a dia.
Para que a criança possa atingir uma determinada fase do desenvolvimento, ela precisa ser estimulada. A estimulação procura oferecer condições para que ela possa desenvolver suas capacidades desde o nascimento. Isto se aplica a todas as crianças, com ou sem síndrome de Down.
Uma boa estimulação realizada nos primeiros anos de vida pode ser determinante para o desenvolvimento das pessoas com síndrome de Down em diversos aspectos, como desenvolvimento motor e comunicação. Clique no link para fazer o download do conteúdo:

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Síndrome de Down

Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é uma alteração genética causada por um erro na divisão celular durante a divisão embrionária. Os portadores da síndrome, em vez de dois cromossomos no par 21, possuem três. Não se sabe por que isso acontece.
Em alguns casos, pode ocorrer a translocação cromossômica, isto é, o braço longo excedente do 21 liga-se a um outro cromossomo qualquer. Mosaicismo é uma forma rara da síndrome de Down, em que uma das linhagens apresenta 47 cromossomos e a outra é normal.
Alterações provocadas pelo excesso de material genético no cromossomo 21 determinam as características típicas da síndrome:
* Olhos oblíquos semelhantes aos dos orientais, rosto arredondado, mãos menores com dedos mais curtos, prega palmar única e orelhas pequenas;
* Hipotonia: diminuição do tônus muscular responsável pela língua protusa, dificuldades motoras, atraso na articulação da fala e, em 50% dos casos, por cardiopatias;
* Comprometimento intelectual e, consequentemente, aprendizagem mais lenta.
Diagnóstico
Durante a gestação, o ultrassom morfológico fetal para avaliar a translucência nucal pode sugerir a presença da síndrome, que só é confirmada pelos exames de amniocentese e amostra do vilo corial.
Depois do nascimento, o diagnóstico clínico é comprovado pelo exame do cariótipo (estudo dos cromossomos), que também ajuda a determinar o risco, em geral baixo, de recorrência da alteração em outros filhos do casal. Esse risco aumenta, quando a mãe tem mais de 40 anos.
Tratamento
Crianças com síndrome de Dowm precisam ser estimuladas desde o nascimento, para que sejam capazes de vencer as limitações que essa doença genética lhes impõe. Como têm necessidades específicas de saúde e aprendizagem, exigem assistência profissional multidisciplinar e atenção permanente dos pais. O objetivo deve ser sempre habilitá-las para o convívio e a participação social.
Tratamento Fisioterapêutico
A avaliação inicial da criança com Síndrome de Down deve ser holística, sendo importante estar alerta aos problemas associados à síndrome, tais como hipotonia, redução da força muscular, hipermobilidade articular, pés planos, escoliose, alterações respiratórias, instabilidade atlânto-axial, doença cardíaca congênita, deficiências visual e auditiva, presença de doenças convulsivas. Com esses dados, o fisioterapeuta é capaz de analisar as necessidades de cada criança e de sua família, planejando orientações e intervenções apropriadas para cada situação.
O principal objetivo da fisioterapia é criar condições para explorar o potencial motor da criança, direcionando-a nas sucessivas etapas do desenvolvimento motor e auxiliá-la na aquisição de padrões essenciais e fundamentais do desenvolvimento, preparando-a para uma atividade motora subseqüente mais complexa. Os objetivos específicos são determinados de acordo com a faixa etária ou fase do desenvolvimento. Para alcançar esses objetivos são utilizados métodos que propiciarão maior independência, autoconfiança e ampliação da relação com o meio ambiente.
O objetivo da fisioterapia não é tentar igualar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança com síndrome de Down ao de uma criança comum nem exigir da criança além do que ela é capaz, mas auxiliá-la a alcançar as etapas desse desenvolvimento da forma mais adequada possível, buscando a funcionalidade na realização das atividades diárias e na resolução de problemas.
A estimulação bem estruturada pode promover o desenvolvimento da criança, minimizando suas dificuldades e evidenciando a possibilidade de melhores respostas à experiência e adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos. A estimulação adequada torna consciente pra a criança os gestos da vida diária.
Os primeiros meses de vida são fundamentais para a estruturação de nossas potencialidades: as primeiras expressões do bebê são essencialmente motoras grande variedade de pequenos movimentos que fazem parte de um sistema complexo e organizado que irá influenciar no seu bem-estar, presente e futuro. Os primeiros movimentos são reflexos, porém, durante o seu desenvolvimento, a criança os refinará e os tornará mais precisos, reunindo todas as sensações motoras para chegar a gestos globais, tais como erguer a cabeça, sentar-se e ficar em pé.
A criança necessita de pré-requisitos para conseguir passar adequadamente para etapa seguinte do desenvolvimento neuropsicomotor, não se deve tentar pular fases para adiantar o processo, até mesmo porque a criança terá apenas prejuízos. De que adianta andar precocemente se ela é incapaz de se equilibrar ou manipular objetos de forma ordenada? A criança necessita de segurança e controle motor para avançar em seu desenvolvimento.
É importante ressaltar que cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, que deve ser percebido e respeitado. A deficiência não determina como será o desenvolvimento de ninguém. Cada síndrome tem suas próprias características e cada criança as apresentará de forma diferente. O que importa é respeitar a individualidade da criança e determinar a linha de tratamento a partir disso.
O Conceito Neuroevolutivo Bobath é um dos mais adequados ao tratamento das crianças com Síndrome de Down por estar de acordo com os objetivos do trabalho realizado com bebês. O trabalho de correção postural é realizado com crianças e adolescentes através de métodos ortopédicos e de reeducação postural global, como Iso-stretching e RPG.
Recomendações

* A notícia de que uma criança nasceu com síndrome de Down causa enorme impacto nos pais e na família. Todos precisam de tempo para aceitá-la do jeito que é, e adaptar-se às suas necessidades especiais;
* A estimulação precoce desde o nascimento é a forma mais eficaz de promover o desenvolvimento dos potenciais da criança com síndrome de Down.  Empenhe-se nessa tarefa, mas procure levar a vida normalmente. Como todas as outras, essa criança precisa fundamentalmente de carinho, alimentação adequada, cuidados com a saúde e um ambiente acolhedor;
* O ideal é que essas crianças sejam matriculadas em escolas regulares, onde possam desenvolver suas potencialidades, respeitando os limites que a síndrome impõe, e interagir com os colegas e professores. Em certos casos, porém, o melhor é frequentar escolas especializadas, que lhes proporcionem outro tipo de acompanhamento;
* O preconceito e a discriminação são os piores inimigos dos portadores da síndrome. O fato de apresentarem características físicas típicas e algum comprometimento intelectual não significa que tenham menos direitos e necessidades. Cada vez mais, pais, profissionais da saúde e educadores têm lutado contra todas as restrições impostas a essas crianças.
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

NEUROPLASTICIDADE: A BASE PARA A REABILITAÇÃO NEUROFUNCIONAL

Durante muitos anos considerou-se o sistema nervoso central (SNC) como uma estrutura funcionalmente imutável e anatomicamente estática. O dogma "sem novos neurônios" significou em todo esse tempo que não haveria a possibilidade da formação de novas conexões.

O sistema, uma vez concluído seu desenvolvimento embrionário, era uma entidade terminada e definitiva, graças a sua incapacidade de proliferação e a sua irreversibilidade de diferenciação celular, mutável somente por lesões ou degenerações e irreparável por sua própria natureza (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Nos últimos 40 anos essa opinião mudou radicalmente. O rígido esquema de circuitos invariáveis, tanto no número de suas unidades como nas conexões entre elas, tem sido substituída progressivamente por um sistema onde ocorre uma modificação dinâmica em resposta a mudanças no ambiente. Essa nova visão é sustentada no conceito de neuroplasticidade e é hoje um elemento unificador essencial para compreender os processos tão aparentemente diferentes como o aprendizado e a recuperação das funções após uma lesão (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

A plasticidade deriva da palavra grega "plastikos" podendo ser definida como uma mudança adaptativa na estrutura e nas funções do sistema nervoso, que ocorrem em qualquer estágio da ontogenia, como função de interações com o ambiente interno ou externo ou, ainda, como resultado de injúrias, de traumatismos ou de lesões que afetam o ambiente neural (FERRARI, TOYODA e CERUTTI, 2001).

Os mecanismos anteriormente descritos, explicavam a Potenciação em Longo Prazo (LTP) em termos de modificações moleculares que conduzem a mudanças funcionais. Existem evidências de que além das fases mais tardias (maior que 8 horas), podem aparecer mudanças detectáveis na morfologia das sinapses que também poderiam estar implicadas na LTP (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

A sucessão de mecanismos implicados no sustento temporal da LTP demonstra uma estreita sobreposição dos mecanismos neuroplásticos, começando por trocas da área funcional e culminando com processos de crescimento. Assim, a LTP seria uma forma de plasticidade neuronal funcional que poderia determinar processos posteriores de neuroplasticidade, seja por crescimento das sinapses existentes, ou até mesmo pelo surgimento de novos neurônios (BERGADOROSADO e MELIAN, 2000).

Sinapses Silenciosas
A existência de sinapses silenciosas representa uma reserva funcional que pode ser importante para a expressão de fenômenos neuroplásticos. O mecanismo de ativação das sinapses silenciosas mostra similaridade com a LTP.

Ambas começam com a ativação de receptores N-metil-D-aspartato (NMDA) e terminam com a incorporação de receptores AMPA para a membrana. Com isso, podemos ressaltar que parece existir um "continuum" de modificações, desde sutis mudanças da eficácia sináptica até a formação de novas sinapses, passando pela ativação de contatos silenciosos, sustentados por mecanismos moleculares comuns (LUNDYEKMAN, 2004).

Plasticidade por Crescimento
Quando ocorre uma lesão do SNC em regiões maduras e compostas principalmente por corpos celulares, as células morrem. Os neurônios não podem ser substituídos porque as células intactas remanescentes na área estão fora do ciclo mitótico e não podem mais se dividir. Entretanto, muitos tipos de lesões ao SNC ocorrem em regiões onde a agressão causa lesões de axônios e não dos corpos celulares (COHEN, 2001).

Sabe-se que os axônios do sistema nervoso periférico podem regenerar-se por crescimento a partir do coto proximal. Isto ocorre de forma muito restrita no SNC dos mamíferos. Parece que essa dificuldade de regeneração não se deve a uma incapacidade fundamental dos neurônios centrais, pois parte dos neurônios lesados encontram sinais de regeneração abortiva, chamada de brotamento (sprouting) regenerativo. Mas há evidencias de que a mielina central e os oligodendrócitos que a produzem contêm substâncias que inibem a regeneração axonal (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

A regeneração axonal é útil, sobretudo para a reparação de tratos de fibras largas, como os do nervo óptico (que não é um nervo periférico) ou os que atuam na medula espinhal. Atualmente, novas estratégias são testadas para promover sua regeneração: pontes de nervo periférico, fatores tróficos ou anticorpos mononucleares desenhados para bloquear os fatores inibidores da glia (BERGADOROSADO e MELIAN, 2000).

Outra forma bem estudada de plasticidade axonal é a chamada colateralização ou brotamento colateral. A colateralização se diferencia da regeneração devido ao crescimento ocorrer em axônios sãos, que podem advir de neurônios não-afetados pela lesão ou de ramos colaterais dos axônios lesados que não foram afetados. Este segundo mecanismo pode ser chamado de "efeito de poda" (pruning). Assim, os eventos responsáveis por ambas as formas de crescimento axonal colateral parecem ser muito similares, apesar dos agentes diferentes que a iniciam (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

A colateralização pode ocorrer a partir de axônios do mesmo tipo dos lesionados (colateralização homotípica) ou de outro tipo (colateralização heterotípica). Se a colateralização é homotípica, seu valor restaurativo é mais evidente, mas uma colateralização heterotípica também pode ser benéfica. Isso porque a presença de fibras aferentes é necessária para a manutenção dendrítica e também porque a colateralização heterotípica pode contribuir para o equilíbrio excitatório-inibitório e, com isso, permitir uma restauração parcial da função neural (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Os agentes que iniciam a colateralização não são conhecidos com precisão, mas foram formuladas hipóteses que poderiam desencadear esses processos:

- Especializações pós-sinápticas vazantes: Os axônios sobreviventes após a degeneração dos cotos distais das fibras secionadas detectariam a presença de "placas vazantes" e isso estimularia seu crescimento;

- Ausência de inibição competitiva: A densidade de inervação de um neurônio poderia ser controlada por sinais inibitórios que limitam o crescimento axonal. A perda de uma quantidade substancial dos terminais eliminaria este freio ao crescimento axonal;

- Mudanças na atividade sináptica: A perda de aferentes alteraria a atividade dos neurônios. Isto, por sua vez, poderia conduzir a liberação de fatores tróficos de crescimento axonal;

- Presença de terminais em degeneração: As terminações que degeneram poderiam liberam substâncias que estimulariam a colateralização;

- Células da glia: As células da glia que fagocitam os axônios degenerados, poderiam liberar fatores tróficos que estimulam o crescimento colateral.


A ação cooperativa desses fatores poderia contribuir para criar o que se tem chamado de ambiente promotor de crescimento, que auxiliam no progresso de colateralização (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Existem alguns fatores de extrema importância para a colateralização como, por exemplo, a ativação de receptores do tipo NMDA nos neurônios pós-sipnáticos parece ser necessária para promover o crescimento axial. O bloqueio destes receptores impede a indução de uma proteína, a GAP-43, envolvida no crescimento lateral.

A fosfoproteína GAP-43 (Growth Associated Protein) se relaciona com as terminações axônicas e poderia ter alguma função na transmissão sináptica normal, mas sua expressão se incrementa dramaticamente em axônios que se alongam. Os níveis mais altos de GAP-43 se encontram sempre em neurônios que colateralizam e se considera, para tanto, como um marcador específico de axônios em crescimento (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Outro aspecto que parece importante para o início e desenvolvimento da colateralização são as interações gliais. Existe uma sequência de ativações gliais que envolvem primeiro a microglia e logo incluem os astrócitos. A função fagocitária corresponde predominantemente a microglia, enquanto que os astrócitos parecem responsáveis pela produção de fatores tróficos que estimulam o crescimento axonal (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

O processo de colateralização geralmente se conclui com a formação de novas sinapses, que substituem as que foram perdidas pela degeneração retrógrada dos axônios destruídos. Este processo é chamado de sinaptogênese reativa para diferenciar da sinaptogênese, que normalmente se sucede às etapas intermediárias do desenvolvimento embrionário.

Além disso, não parece existir diferença alguma entre os mecanismos de uma e de outra. O broto e a extensão de novos ramos axonais seriam totalmente inúteis se não culminasse com a formação de novos contatos sinápticos. A sinaptogênese reativa é parte indissolúvel de um processo único que se inicia com a colateralização e conclui-se com a formação de novos contatos funcionais (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Acredita-se que processo de colateralização seguido da formação de novos contatos sinápticos, pode desempenhar um papel muito importante na recuperação das funções perdidas como consequência da lesão ou no retardo do aparecimento de enfermidades neurodegenerativas (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Neurogênese
A produção de novas células nervosas no cérebro de adultos é observada em todas as classes de vertebrados. Em roedores se conhecem duas áreas onde a neurogênese se mantém ativa mesmo em idades muito avançadas da vida: a zona subventricular (ZSV) dos ventrículos laterais e o giro dentado do hipocampo (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

As células progenitoras são capazes de gerar neurônios, astrócitos e oligodendrócitos, sendo que a sua diferenciação parece ser controlada por sinais ambientais que incluem o ácido retinóico, a adenosina monofosfato cíclico (AMPc) e fatores tróficos. As células recém formadas podem migrar para locais distantes, o que aumenta um possível valor terapêutico a este mecanismo (BERGADOROSADO e MELIAN, 2000).

Ainda existem controvérsias sobre a existência da neurogênese em no cérebro adulto de primatas, mas é indiscutível que poder modular a formação de novas células nervosas é uma promessa de enormes potencialidades para a Reabilitação Neurológica, tanto para a recuperação in situ de neurônios perdidos, como para o transplante de células precursoras nas zonas lesadas (BERGADOROSADO e MELIAN, 2000).

Fatores Moduladores da Plasticidade
Existe uma variada gama de agentes que podem modificar, de alguma maneira, os processos de neuroplasticidade. São os chamados fatores de crescimento, fatores neurotróficos ou neurotrofinas. Esses fatores de crescimento são proteínas endógenas especiais que promovem sobrevivência, divisão e crescimento, bem como diferenciação e plasticidade morfológica de células neurais (COHEN, 2001).

Os fatores neurotróficos exercem seus efeitos através de receptores de membrana que conectam com diferentes cascatas moleculares intracelulares, capazes de modificar a expressão gênica e a síntese de proteínas. Isso, por sua vez, capacita-os para induzir e modular os processos de neuroplasticidade por crescimento ou plasticidade funcional (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Fatores neurotróficos diferentes são requeridos para determinadas funções tróficas. Dentre essas substâncias, o fator neurotrófico melhor caracterizado é o NGF (NGF, do inglês Nerve Growth Factor). No cérebro, os níveis de RNAm do NGF estão altamente expressos no hipocampo, córtex cerebral e bulbo olfatório (AYER-LELIEVRE et al., 1988; WHITTEMORE et al., 1986).

Outros fatores de crescimento incluem o fator derivado do cérebro (BDNF), descoberto ao acaso na década de 80, que vem sendo mais pesquisado atualmente, cuja função parece estar relacionada à plasticidade dentro do SNC lesionado.

O fator de crescimento neural derivado da glia (GDNF), o fator de crescimento de fibroblastos (BFGF) e o fator neurotrófico ciliar (CNTF) foram recentemente descobertos e apesar de indícios mostrarem que estão também claramente relacionados à plasticidade do sistema nervoso, pouquíssimo sabe-se sobre eles (CHEN et al., 1999; FÖRANDER; HOFFER; STRÖMBER, 1998; MCCALLISTER et al., 2001;).

Esses fatores neurotróficos se agrupam em famílias de acordo com o grau de homologia molecular de seus membros e o tipo de receptor que utilizam para obter seus resultados tróficos, mostrando um alto grau de conservação filogenética, sendo uma evidência evolutiva de suma importância (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

As neutrofinas também podem sustentar o processo de plasticidade sináptica indiretamente e reforçar a influência de aferências não-glutamatérgicas moduladores de LTP. Além disso, evidências experimentais sugerem uma ação neuroprotetora das neurotrofinas diante de vários insultos que comprometem a integridade e sobrevivência dos neurônios, por meio da ativação de sistemas enzimáticos de defesa celular (BERGADO-ROSADO e MELIAN, 2000).

Em relação ao aprendizado e a memória, está bem documentado que pelo menos três fatores neurotróficos, o NGF, o BDNF e o Fator Neurotrófico 3 (NT-3), são encontrados em abundância no hipocampo e estão envolvidos na neuroplasticidade relacionada ao aprendizado e a memória.

No cérebro de ratos, o mais alto nível de NGF foi encontrado nas áreas colinérgicas do prosencéfalo basal, incluindo a formação hipocampal, córtex cerebral e bulbo olfatório. A expressão do RNAm do BDNF e do NT-3 também mostraram especificidade regional, com altos níveis no hipocampo (PHAM et al., 2002).

Estimulação Ambiental
O desenvolvimento de um organismo é caracterizado pela ocorrência de períodos onde o seu destino é estabelecido. Influências externas durante esses períodos críticos podem ter consequências relevantes. Na tentativa de elucidar as bases da interação entre o ambiente e o cérebro, o modelo de estimulação ambiental ou ambiente enriquecido (EA) foi aplicado em estudos animais, sendo a intervenção mais amplamente conhecida para promover a plasticidade neural induzida pela experiência (PHAM et al., 2002).

O trabalho pioneiro de Donald Hebb (1949) demonstrou a importância da EA precoce sobre o desenvolvimento. Ele sugeriu que as experiências de um organismo neonato durante os períodos iniciais de maturação são importantes nos processos fisiológicos e comportamentais do organismo.

Segundo ele, o desenvolvimento pode ser fortemente modificado pela estimulação precoce e os seus efeitos poderiam persistir pela vida inteira. O entendimento das influências da estimulação requer o conhecimento de como os processos neurológicos e fisiológicos interagem em resposta aos fatores externos (PHAM et al., 2002).

Aplicação da neuroplasticidade em pacientes pós-AVE
O acidente vascular encefálico (AVE) gera um impacto nas estru­turas e funções do corpo, prejudicando a independência funcional dos indivíduos afetados. Novas abordagens conceituais têm per­mitido uma nova visão do sistema nervoso como um órgão dinâ­mico, constituindo uma unidade funcional com o corpo, o am­biente e características plásticas, através do exercício funcional em diferentes contextos.

Em um estudo onde o objetivo foi verificar a dinâmica da reorganização do sistema nervoso central após a aplicação de técnicas de Fisioterapia Neurológica, particularmente, Terapia de Restrição e Indução do Movimento, Observação de Ação e Prática Mental destinadas à recuperação funcional de su­jeitos com membros superiores hemiparéticos pós-AVE por meio de estudos que utilizaram imagens de ressonância magnética fun­cional.

Conforme observado nos estudos selecionados, os resul­tados referentes à ativação cerebral mostraram-se inconsistentes. Portanto, conclui-se que o cérebro encontra diferentes vias para sua reorganização. Este fato deve-se possivelmente as diferentes áreas lesionadas e também devido às diferentes características de cada técnica de reabilitação utilizada nos estudos.

De acordo com a pesquisa realizada, foi pos­sível verificar ativações ipsilateral ou contralateral à lesão, ativações bilaterais, bem como ativações em torno da área lesionada. Em um estudo de revisão abordando os mecanismos de reorganização cerebral pós-AVE através da RMF, demonstrando que du­rante o movimento da mão afetada ocorre geralmen­te um aumento na ativação dentro do córtex motor primário no lado lesado, córtex dorsal pré-motor, e da área motora suplementar, em paralelo à melhora na funcionalidade.

Estudos apontam para a relevância do papel do córtex motor primário na recuperação funcional. O mesmo lado do córtex motor primário intacto com projeções ao córtex ipsilateral contribuem para tal recuperação. Uma explanação é que a inter­rupção das projeções de M1 para o cordão espinhal motor conduz ao recrutamento aumentado de áreas secundárias motoras com suas próprias projeções para o cordão espinhal motor dos neurônios.

Essas proje­ções secundárias ao cordão espinal são menos nume­rosas e menos excitatórias que para M1 e, portanto, apresentam recuperação inferior nos pacientes que dependem dessas regiões para gerar a saída motora. Em recente estudo clínico foram observadas evidên­cias de que a ativação no hemisfério contralateral é alta durante o movimento da mão afetada no estágio subagudo após o AVE, declina com o passar do tempo e restam algumas extensões por anos após o AVE.

Os resultados são limitados se realmente as regiões secundárias são relevantes na recuperação, mas o recrutamento e a adaptação de áreas motoras secun­dárias sobreviventes em ambos os hemisférios podem ajudar pacientes a conseguirem melhores resultados. Trabalho recente relata que é complexo traçar-se es­tratégias eficazes após um AVE devido aos diversos fatores que influenciam na manifestação da lesão e na própria recuperação.

A associação de técnicas de alta resolução espacial, como a RMF, com exa­mes de alta resolução temporal, como os potenciais evocados somatossensoriais, têm demonstrado que a limitações destas técnicas podem ser sanadas justa­mente por estas interações. Estudo atual mostra que, com esta associação de técnicas, mesmo em modelos animais, pode-se observar durante a recuperação de lesão induzida um acoplamento de áreas corticais e estado neurovascular indicativo de recuperação. Es­tes achados podem facilitar os entendimentos futuros sobre atividades simultâneas no córtex (possível aco­plamento de fases elétricas) e sobre os processos de neovascularização encefálica.

Com a modernidade dos equipamentos de imagem, como a RMF, e a observação dos estudos pesquisados quanto às mudanças na ativação cere­bral, os resultados mostraram-se inconsistentes, talvez por diferentes características entre os pacientes (local e extensão da lesão, estágio pós-AVE, terapia realiza­da e graus de recuperação). Possivelmente o cérebro encontra diferentes vias para uma reorganização, de­pendendo da área lesionada e das abordagens tera­pêuticas utilizadas.

Embora se tenham verificado mu­danças funcionais no membro superior e plasticidade cerebral em diferentes pacientes e abordagens, ainda não foi encontrada a melhor técnica e forma de rea­bilitação para o membro superior. Dessa maneira, os resultados não podem ser generalizados devido às di­ferentes características dos pacientes e ao pequeno nú­mero de indivíduos em cada estudo. Sugere-se, então, que sejam realizados mais estudos associando técnicas de fisioterapia neurológica a imagens de ressonância magnética funcional, pois os resultados indicam que a experiência comportamental após lesão é o principal modulador das mudanças neurofisiológicas e neuro­anatômicas.

Sendo assim, nosso estudo tem como li­mitação o pequeno número de pesquisas associando imagens de ressonância e possíveis alterações plásticas corticais induzidas pelas técnicas da fisioterapia neu­rológica. Mesmo assim, parece evidente que estas téc­nicas geram alterações plásticas de forma associada às melhoras nos padrões motores.

REFERÊNCIAS
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