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terça-feira, 5 de julho de 2011

Cientistas brasileiros e franceses desenvolvem nervo artificial

Uma parceria entre Universidade de Montpellier, na França, e a PUC de Porto Alegre conseguiu criar um nervo artificial. O trabalho pode revolucionar o tratamento de pessoas que perderam a capacidade de movimento das mãos por algum trauma, ajudando na recuperação das funções motora e sensitiva.

Trata-se de um tipo de plástico (polímero), acrescido de um fator de crescimento, substância que faz com que os tecidos se regenerem. Dentro do corpo, eles se transformam num novo nervo, capaz de transmitir os sinais normalmente. Em um ano, o polímero é totalmente absorvido pelo organismo e deixa de existir.

O tubo é bastante fino, menor que um palito de fósforo e é formado por cavidades invisíveis a olho nu, onde ficam os fatores de crescimento. “É uma dimensão 300 vezes menor que um vírus”, afirmou Roberto Hübler, físico que participou do desenvolvimento do material.

Jefferson Braga da Silva, cirurgião que liderou a pesquisa, disse que o nervo desenvolveu uma estrutura muito parecida com a dos naturais e está animado pelo potencial da nova técnica. “A gente obteve resultados muito bons sob o ponto de vista funcional”, disse o médico – nas pesquisas com ratos, mais de 90% dos movimentos foram recuperados.

Hoje, a forma mais comum de se recuperar um nervo é fazendo um enxerto. Nesta técnica, um pedaço de nervo é retirado da perna e implantado na parte do corpo onde se deseja – a lógica é a mesma de uma cirurgia de ponte de safena, usada em alguns pacientes cardíacos. O nervo artificial tende a ser mais eficiente e seguro para os pacientes.

A previsão é de que, em setembro, a técnica seja testada em pacientes do SUS. No campo das pesquisas, o próximo passo é utilizar os polímeros para tentar recuperar lesões ainda mais graves.

“Nós já estamos começando a fazer para o osso, para o músculo e para o tendão, só que daí são outros fatores de crescimento, são outros fatores que vão aumentar a regeneração destes outros tecidos”, apontou Jefferson Braga da Silva.

Fonte: G1
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Droga contra o câncer contribui para regeneração de lesões da medula espinhal

Após uma lesão medular uma série de fatores impede a regeneração das células nervosas. Dois dos mais importantes desses fatores são a desestabilização do citoesqueleto e o desenvolvimento de tecido cicatricial. Enquanto o primeiro evita o crescimento de células, o último cria uma barreira para as células nervosas cortadas.
Cientistas do Instituto Max Planck de Neurobiologia em Martinsried, Alemanha, e seus colegas do Instituto Kennedy Krieger e da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, e da Universidade de Utrecht, na Holanda, mostraram que a droga para o câncer Taxol reduz os obstáculos da regeneração.
Paraplegia, esse é muitas vezes o resultado de longa duração quando as fibras nervosas são esmagadas ou cortadas na medula espinhal. Ao contrário dos nervos em um dedo cortado, por exemplo, as células do nervo lesado no sistema nervoso central (SNC) não vão regenerar.
Os cientistas têm trabalhado há décadas para descobrir as razões para esta discrepância na capacidade de regeneração das células nervosas. Eles encontraram uma variedade de fatores que impedem a regeneração das células nervosas do SNC. Uma por uma, uma série de substâncias que agem como sinais de trânsito e acabam com a retomada do crescimento têm sido descobertas.
Outros obstáculos estão dentro das células. Os microtúbulos, tubos de pequena proteína que compõem o citoesqueleto das células, são completamente misturados em uma célula nervosa SNC lesada. Um crescimento estruturado torna-se impossível. Além desses, o tecido perdido é progressivamente substituído por tecido cicatricial, criando uma barreira para o crescimento de células nervosas.
Compreendendo a regeneração 
Frank Bradke e sua equipe do Instituto Max Planck estudaram os mecanismos dentro das células nervosas do SNC responsáveis por parar o seu crescimento. "Nós tentamos provocar as células a ignorar os sinais de parada para que crescessem".
Para essa tarefa, os neurobiólogos se concentraram em estudar o papel dos microtúbulos. Estes tubos de proteína têm um arranjo paralelo na ponta do crescimento de células nervosas, estabilizam as células, empurrando o fim da célula para frente. Este arranjo é perdido em células lesadas do SNC.
Então, como pode a ordem dos microtúbulos ser mantida ou restabelecida nessas células? E uma vez que as células começam a crescer como podem vencer a barreira do tecido da cicatriz?
Com esses questionamentos em mente, a equipe internacional optou por analisar a eficiência de uma droga usada no tratamento do câncer para resolver o problema da regeneração nervosa.

Taxol 

O Taxol, nome comercial de uma droga atualmente utilizada no tratamento do câncer, mostrou promover a regeneração das células nervosas do SNC lesadas.
A pesquisa concluiu que o medicamento estabiliza os microtúbulos, para que sua ordem seja mantida e as células do nervo lesado recuperem a sua capacidade de crescer. Além disso, a droga impede a produção de uma substância inibidora no tecido cicatricial.
O tecido de cicatrização, embora reduzido pelo Taxol, vai continuar a desenvolver no local da lesão e pode assim realizar sua função protetora. No entanto, as células nervosas em crescimento estão agora em melhores condições de atravessar essa barreira. "Isso é literalmente um pequeno avanço", diz Bradke.
Experimentos em ratos, realizados pelo grupo verificou os efeitos do Taxol. Os pesquisadores irrigaram o local da lesão na medula espinal com Taxol através de uma bomba em miniatura. Depois de poucas semanas, os animais apresentaram uma melhora significativa em seus movimentos.
"Até agora, testamos os efeitos do Taxol imediatamente após uma lesão", explica Farida Helal, primeiro autor do estudo. "O próximo passo é investigar se o Taxol é tão eficaz quando aplicado em uma cicatriz já existente vários meses após a lesão".
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Paraplégico consegue andar após estímulo elétrico na espinha

Rob Summers, um americano paraplégico desde que sofreu um acidente de trânsito em 2006, conseguiu se levantar, ficar de pé e caminhar graças a uma combinação pioneira de estímulo epidural da medula espinhal e treino. A conquista foi possível depois de uma pesquisa do Kentucky Spinal Cord Research Center da Universidade de Louisville (EUA) e da Universidade da Califórnia (EUA), que publicaram um artigo na última edição da revista médica The Lancet.
Summers, segundo se pode ver nas imagens que acompanham a pesquisa, é capaz de manter-se de pé durante vários minutos, dando ele mesmo o impulso muscular necessário para se levantar. Com a ajuda de outras pessoas também pode dar vários passos e movimentar de maneira voluntária os quadris, os joelhos, os tornozelos e os dedos dos pés.
Além disso, recuperou parcialmente o funcionamento de seus órgãos sexuais e de sua bexiga, fruto de um tratamento que implica dois elementos fundamentais: a estimulação epidural da medula espinhal e um intenso programa de treinamento físico.
Os pesquisadores basearam seu projeto na estimulação elétrica epidural contínua e direta da parte inferior da medula espinhal do paciente, simulando os sinais que o cérebro transmite em condições normais para iniciar um movimento. Quando o sinal é transmitido, a própria rede neurológica da medula, em combinação com a informação sensorial que as pernas enviam à medula, é capaz de dirigir os movimentos do músculo e das articulações necessários para erguer-se, caminhar, sempre com a ajuda de outras pessoas.
O outro aspecto chave do trabalho foi "reeducar" as redes neurológicas da medula de Summers para produzir o movimento muscular necessário para levantar-se e dar alguns passos. O processo do treinamento durou mais de dois anos de trabalho, após o paciente ter passado por uma cirurgia que implantou nas costas um dispositivo de estimulação elétrica, que é o responsável da voluntariedade dos movimentos.
A professora Susan Harkema e o professor Reggie Edgerton, que dirigiram a pesquisa, expressaram em The Lancet seu desejo que seu trabalho permita aos pacientes que sofreram lesões medulares levar uma unidade portátil de estímulo elétrico.
O objetivo é facilitar a possibilidade dos paciente de se levantarem, se manterem em pé e darem alguns passos de maneira independente, embora sempre com a necessidade de se apoiarem em um andador. No entanto, Harkema e Edgerton se mostraram cautelosos e ressaltaram que ainda há muito trabalho pela frente antes que esta técnica possa se transformar em uma prática habitual.
"É um grande passo adiante. Abre uma grande oportunidade para melhorar a vida diária destes indivíduos, mas temos um longo caminho a percorrer", manifestou a professora Harkema. Edgerton insistiu que "a medula espinhal está pronta, já que as redes neurológicas são capazes de iniciar os movimentos que implicam suportar peso e dar passos relativamente coordenados sem nenhum tipo de informação procedente do cérebro".
"Isto é possível em parte graças à informação que devolvem as pernas diretamente à medula espinhal", explicou. "Esta retroalimentação dos pés e pernas para medula melhora o potencial do indivíduo para manter o equilíbrio e dar uma série de passos, e decidir sobre a direção que vai caminhar e sobre o nível de peso que suporta", indicou Edgerton.
"A medula pode interpretar estes dados de maneira independente e enviar instruções de movimento outra vez às pernas, tudo isso sem participação cortical", acrescentou o investigador. Os autores sublinharam também que o caso de Summers é especial, porque embora esteja paralisado desde o tronco do corpo humano até os pés apresenta uma certa sensibilidade na zona imobilizada.
Summers, de 25 anos, manifestou: "este procedimento mudou totalmente minha vida. Para alguém que há quatro anos era incapaz de movimentar um só dedo do pé, ter a liberdade e a capacidade de levantar-se sozinho é uma sensação incrível". "Poder levantar um pé e poder voltar a colocá-lo no solo outra vez foi incrível, mas além de isso, minha sensação de bem-estar mudou. Meu tom psíquico e muscular melhorou muito, até o ponto que muita gente não acredita que esteja paralisado. Acho que a estimulação epidural me permitirá deixar a cadeira de rodas", disse.

Fonte: Terra
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