Subscribe:

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Neurite óptica


O que é a neurite óptica?
A neurite óptica é uma inflamação do nervo óptico – o nervo que transmite luz e imagens visuais da retina para o cérebro. O nervo está localizado atrás (retro) do globo ocular, sendo a condição chamada também de neurite retrobulbar.
Qual a relação entre a neurite óptica desmielinizante e a esclerose múltipla?
Pode ser a primeira manifestação da esclerose múltipla (EM) e/ou ocorrer no curso da doença. Também pode ocorrer isoladamente (neurite óptica isolada) e o paciente desenvolver ou não a EM. A presença de imagens desmielinizantes encefálicas (RNM) parece ser o fator de risco mais importante para o desenvolvimento da EM nestes casos.
Estudos patológicos em pacientes com neurite óptica associada à EM tem mostrado que as lesões desmielinizantes no nervo óptico são similares às placas vistas no cérebro. Todavia, sobre a patologia da neurite óptica isolada, pouco se conhece. Para alguns autores a neurite óptica isolada é uma forma frustra da EM.
Quais são os sintomas da neurite óptica?
  • Pacientes com neurite óptica experimentam rápido prejuízo na visão de um olho (nos dois é menos comum) durante o ataque agudo. Os pacientes podem referir a presença de visão dupla, escotomas, embaçamento, turvação ou escurecimento no olho afetado.
  • É possível ocorrer um episódio subclínico de neurite óptica, por inflamação e/ou desmielinização do nervo óptico que ocorre sem afetar a função visual. Nestes casos o teste de potencial evocado visual é capaz de demonstrar evidências de lesões ao longo da via óptica.
  • Discromatopsia (mudança na percepção das cores) pode ser, ocasionalmente, mais proeminente do que a diminuição da visão.
  • Em quase todos os casos, as alterações visuais estão associadas à dor retrocular ou dor ocular com sensação de peso, geralmente exacerbada pela movimentação do olho. A dor pode preceder a perda visual.
  • Os pacientes podem queixar-se de obscurecimento da visão exacerbada pelo calor ou pelo exercício (fenômeno de Uhthoff). 
  • Os objetos que se movem em linha reta podem parecer ter uma trajetória curva (fenômeno de Pulfrich), presumivelmente, devido à condução assimétrica entre os nervos ópticos.
  • Percepção de flashes de luz pela movimentação horizontal dos olhos ou por barulho súbito (mais raro) quando o paciente repousa no escuro.
Como é feito o diagnóstico de neurite óptica?Como é um diagnóstico de exclusão, várias patologias serão descartadas pelo médico através da história, sintomas e exame físico, assim como exames complementares específicos. Doenças auto-imunes, infecciosas, metabólicas, tóxicas, compressivas e outras, deverão serão afastadas, pois há diferenças na evolução e no tratamento das mesmas.
A escolha dos exames apropriados (exames de sangue, RNM, PEV, campimetria, fundoscopia, LCR) dependerá da suspeita clínica do médico. Dentre eles, tanto a ressonância nuclear magnética (RNM) e o potencial evocado visual (PEV) são de extrema importância.
A RNM (com gadolíneo) é altamente específica e sensível a alterações inflamatórias no nervo óptico e ajuda a descartar problemas estruturais como compressão tumoral, por exemplo.
O PEV é importante na suspeita de neurite óptica e pode dar resultados anormais mesmo com a RNM do nervo óptico normal, o que é uma evidência de envolvimento subclínico do nervo óptico. Por esta razão, o PEV é realizado em pacientes com suspeita diagnóstica de EM.
Na EM a análise do líquido cefalorraqueano – líquor (LCR) é importante porque detecta as bandas oligloconais de imunoglobulina G (IgG), informa quanto à atividade da doença (IgM) e também pode sugerir outro diagnóstico.
Qual é o tratamento para a neurite óptica?
O tratamento correto da neurite óptica depende da causa, sendo fundamental a consulta médica imediata. A neurite óptica associada à EM e a neurite óptica isolada, obtiveram melhores resultados terapêuticos, pelo estudo ONTT (Optic Neuritis Treatment Trial), com a metilprednisolona intravenosa.
Fontes:
Continue Lendo...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

BPC -Benefício de Prestação Continuada

Um direito garantido pela Constituição Federal!

BPC é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, pago pelo Governo Federal e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna. Já são mais de 2 milhões de pessoas beneficiadas sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Os beneficiários ganham independência, autonomia e participam muito mais da vida comunitária. Em muitas regiões, o BPC movimenta o comércio da cidade. Se você recebe o BPC, leia com atenção este manual. Entenda quais são os seus direitos e quais são as suas responsabilidades. Se você não recebe, informe-se e verifique se você, ou alguém que conheça, atende aos critérios do programa. Com a sua ajuda, o Brasil vai ser um país de todos. Um país que assegura direitos e oportunidades para todos.

O que é o BPC

O BPC é um benefício da assistência social. Isso significa que o BPC é um direito dos cidadãos brasileiros, que atendem aos critérios da lei e que dele necessitam. O valor do BPC é de um salário mínimo, pago por mês às pessoas idosas e/ou com deficiência que não podem garantir a sua sobrevivência, por conta própria ou com o apoio da família.

Quem pode reber o BPC?

Podem receber o BPC pessoas idosas com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência. O benefício é destinado a idosos que não têm direito à previdência social e a pessoas com deficiência que não podem trabalhar e levar uma vida independente.
A renda familiar nos dois casos deve ser inferior a 1/4 do salário mínimo.

Como saber se você tem direito ao BPC?

Idosos - Você precisa comprovar que tem 65 anos ou mais, que não recebe nenhum benefício previdenciário e que a renda da sua família é inferior a 1/4 do salário mínimo por pessoa.
Pessoas com deficiência - Você deve comprovar que a renda da sua família é inferior a 1/4 do salário mínimo por pessoa e que não recebe nenhum benefício previdenciário. Deve comprovar, também, a sua deficiência e o nível de incapacidade por meio de avaliação do Serviço de Perícia Médica do INSS.

Renda Familiar por pessoa: Saiba como calcular a sua

O que é: renda familiar por pessoa é a soma total da renda de toda a família, dividida pelo número de membros que fazem parte do núcleo familiar, vivendo na mesma casa. Quais as pessoas da família que você deve colocar nesta conta: se estas pessoas vivem no mesmo teto que o seu, elas podem participar da conta.
  • Esposa/Esposo
  • Companheiro/Companheira
  • Filhos/Filhas, menores de 21 anos ou inválidos
  • rmãos/Irmãs,menores de 21 anos ou inválidos
  • Pai/Mãe
Como fazer a conta: some todos os ganhos destas pessoas e divida o resultado pelo número de pessoas que fazem parte da sua família. Por exemplo: com o salário mínimo no valor de R$ 300,00, 1/4 deste valor são R$ 75,00.

Como você pode requerer o BPC?

Se você tem direito a receber o BPC, não é necessário nenhum intermediário. Basta dirigir-se à agência do INSS mais próxima da sua casa, levando consigo os documentos pessoais necessários. veja a seguir quais são eles. Algumas prefeituras também podem orientar você. Confira se a prefeitura da sua cidade pode ajudá-lo. É fundamental que as informações que você fornecer estejam corretas e atualizadas.

Quais são os documentos que você precisa levar para o requerimento?

Levar os documentos exigidos é importante para que seja possível avaliar se você tem direito ao BPC. Por isso, não esqueça: quando você fizer o seu requerimento, leve os seus documentos e os documentos da sua família. Seus documentos:
  • Certidão de nascimento ou casamento;
  • Documento de identidade, carteira de trabalho ou outro que possa identificar quem é você;
  • CPF, se tiver;
  • Comprovante de residência;
  • Documento legal, no caso de procuração, guarda, tutela ou curatela.
Documentos da sua família:
  • Documento de identidade, carteira de trabalho, CPF, se houver, certidão de nascimento ou casamento ou outros documentos que possam identificar todas as pessoas que fazem parte da família e suas rendas.
Deve ser preenchido o Formulário de Declaração da Composição e Renda Familiar. Este documento faz parte do processo de requerimento e será entregue a você no momento da sua inscrição.
Em alguns casos, o beneficiário precisa ser representado por outra pessoa para receber o BPC. Escolha uma pessoa da sua confiança
Nesses casos, serão necessárias procuração, guarda, tutela ou curadela
Procuração - A procuração é útil em caso de problemas de saúde ou nos casos em que a pessoa não pode se movimentar. Você deve escolher uma pessoa da sua confiança para representá-lo. Essa pessoa, escolhida por você, será o seu procurador.
Guarda - Se você é responsável por uma criança ou adolescente, mas não é pai ou mãe deles, você deve comprovar a guarda com o documento.
Tutela - Quando os pais das crianças ou adolescentes (menores de 18 anos) são inexistentes, é necessário que o juiz nomeie um tutor
Curatela - Este documento é necessário para o responsável por maiores de 18 anos que não possuem nenhum discernimento. Estas pessoas são consideradas, pela lei, incapazes para atos da vida civil. A curatela não é obrigatória para ter direito ao BPC. E deve ser usada em casos de real necessidade.
Lembre-se: só autorize pessoas de sua confiança.

Como saber se seu requerimento foi aprovado para receber o BPC?

O INSS enviará uma carta para a sua casa informando se você vai receber ou não o BPC. Essa carta também informará como e onde você receberá o dinheiro do BPC.
Se você tiver direito ao BPC, em até 45 dias após a aprovação do seu requerimento, o valor em dinheiro já estará liberado para você sacar.

Como o BPC é pago?

Quem tem direito ao BPC recebe do banco um cartão magnético para usar apenas para o BPC.
Você não precisa pagar por isso. Nem é obrigado a adquirir nenhum produto do banco para receber o seu cartão. Com ele é muito fácil sacar o dinheiro nos bancos que pagam o BPC.

Mais de uma pessoa pode receber o BPC na sua família

Para que mais de uma pessoa receba o BPC na sua família, a regra não muda: a renda familiar por pessoa tem que ser menor que 1/4 do salário mínimo. Por isso, fique atento ao modo de fazer esta conta nos dois casos.
Se você é idoso - Se já existe um idoso que recebe o BPC na família, este valor NÃO entra no cálculo da renda familiar.
Se você é pessoa com deficiência - Se já existe alguém na família, idoso ou deficiente, que já receba o BPC, este valor entra no cálculo da renda familiar.

Em caso de morte, o BPC não pode ser transferido para outra pessoa da família

O BPC não é transferido em caso de morte. Por exemplo, se os pais falecerem, o direito de receber o BPC não passa para os filhos. Somente os valores não retirados em vida pelo beneficiário pode passar para outras pessoas da família.

De onde vem o dinheiro que paga o BPC?

Todo o dinheiro do BPC vem do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Esse Ministério cuida do Fundo Nacional de Assistência Social. O BPC investiu 7,5 bilhões de reais em 2005 e está atendendo mais de 2 milhões de brasileiros. E estes números não param de crescer e de beneficiar mais brasileiros que não têm condições de viver com dignidade.

As leis que garantem o direito ao BPC

A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS regulamentou o BPC, que está previsto na Constituição Federal. Em 2003, o Estatuto do Idoso reduziu de 67 para 65 anos a idade mínima para o requerimento dos idosos. Assim, mais idosos puderam receber o BPC.

Lembretes: O cartão do BPC é seu. Cuide bem dele

Não empreste o seu cartão, nem diga a sua senha para ninguém. Em caso de perda ou roubo, informe imediatamente ao banco onde você recebe o BPC.
Não esqueça de informar seu endereço. Se você mudar de endereço, informe à agência do INSS mais próxima da sua casa. Não esqueça de informar também a ocorrência de óbito (se falecer a pessoa que recebe o BPC).
Qualquer pessoa pode requerer o BPC. Você não precisa pagar a ninguém para fazer isso por você
BCP é lei. Se alguém ficar com seu cartão, isso é crime. O Estatuto do Idoso é muito claro. Ninguém tem o direito de reter o cartão de um idoso que recebe o BPC, seja qual for a situação. Isso é crime e está no Estatuto do Idoso, artigos 102, 103 e 104.
As informações devem ser atualizadas. A lei obriga que de dois em dois anos seja feita uma revisão na lista das pessoas que recebem o BPC. Isso quer dizer que, a cada dois anos, é verificado se as condições que garantiram o direito ao BPC ainda são as mesmas. A atualização das informações é importante para que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome pague o valor em dinheiro do BPC somente para quem realmente precisa dele. Quem realiza esta revisão são as Secretarias Estaduais e Municipais de Assistência Social, junto com o INSS e com o Ministério. Você pode contar com a orientação do Centro de Referência Social - CRAS Casas das Famílias ) e das Secretarias Estaduais e Municipais de Assistência Social.
O BPC pode deixar de ser pago. O pagamento do BPC só é garantido enquanto as pessoas que têm direito a ele continuarem atendendo às exigências da lei. Por isso, você deve sempre manter seus dados e informações em dia. Só assim o BPC tem o controle de quem precisa ou não do dinheiro. Se você fizer a sua parte, o BPC vai continuar ajudando a melhorar a sua vida e a de muitos brasileiros.
O BCP não é aposentadoria. O BPC não dá direito ao 13º pagamento

Irregulariedades

A legislação diz que qualquer pessoa que tenha conhecimento de alguma irregularidade no pagamento do BPC deve denunciar, junto ao MDS, INSS ou Ministério Público. Se você souber de alguma irregularidade, denuncie.
Continue Lendo...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Oxi, uma nova substância com efeitos mais devastadores que o crack

O Oxi é uma droga identificada no Brasil na última década. Inicialmente encontrada no Acre, espalhou-se por outros estados do Brasil. A droga é feita pela mistura de restos da pasta de cocaína com quantidades variáveis de gasolina ou querosene e cal virgem. Dependendo da proporção entre os componentes da mistura, sua coloração pode variar entre roxo, amarelo e esbranquiçado. Esta mistura gera um processo de oxidação da cocaína, daí o nome “Oxi”.

Ainda há poucos dados científicos consistentes acerca do Oxi. Inclusive, não é um consenso que esta droga tenha uma ação psicofarmacológica que a diferencie de outras variedades de derivados da cocaína a ponto de poder ser considerada de fato uma nova droga. No entanto, os relatos de usuários são bastante convincentes de que os efeitos do Oxi são diferentes dos experimentados com outros derivados de cocaína. Normalmente, eles descrevem sensações muito intensas e de curta duração, com vivências que incluem euforia e paranóia.
Profissionais que trabalham com dependentes de drogas têm relatado um efeito ainda mais devastador sobre o usuário do que aquele visto com o uso do crack. Há indícios de que a dependência se estabelece de forma muito rápida, com graves complicações de saúde associadas, podendo inclusive levar o usuário à morte.
Continue Lendo...

Alimentos para o cérebro

Há milhões de anos, a base da alimentação era composta por alimentos como frutas, sementes, vegetais, plantas silvestres, raízes, frutos do mar e peixes, disponíveis na época. Com perfil antioxidante e ricos em nutrientes, estes alimentos contribuíam para o desenvolvimento do cérebro.
Comparando a alimentação daquela época com a atual, predominantemente industrializada, é possível encontrar muitas diferenças na composição nutricional. Para o cérebro, essas mudanças podem não ser benéficas, estimulando o aparecimento de disfunções do sistema nervoso, como depressão, psicose, perda de memória, entre outros.
Diversas pesquisas têm demonstrado a importância de alguns nutrientes presentes nos alimentos, cuja deficiência pode agravar os sintomas em doenças neurológicas. Entre eles, destacam-se:
  • Colina: nutriente encontrado na gema do ovo e que contribui para produção de novas células. Também está relacionada ao metabolismo lipídico.
  • Ômega-3 DHA (ácido docosahexaenóico): ácido graxo de cadeia longa poli-insaturada, encontrado em peixes como salmão, sardinha e atum.
  • Vitaminas do complexo B (principamente a B1 tiamina, B3 Niacina, B6 Piridoxina, B9 ácido fólico e B12 Cobalamina): são encontradas em grãos integrais, vegetais verde-escuros, leguminosas, sementes oleaginosas, frutos do mar e carnes; estes nutrientes auxiliam na regulação da transmissão dos impulsos nervosos entre os neurônios.
  • Vitamina E: encontrada em óleo de girassol, óleo de soja, vegetais verde-escuros, grãos integrais, germe de trigo, nozes; sua deficiência pode causar alteração do cerebelo, com perda de equilíbrio, coordenação e marcha.
  • Vitamina C: encontrada em frutas (acerola, abacaxi, goiaba, laranja, limão, kiwi, morango e caju), vegetais (agrião, alface, rúcula, repolho e espinafre), alho e cebola; atua no organismo como antioxidante e sua deficiência pode causar doenças como o escorbuto.
  • Zinco: encontrado em grãos integrais, germe de trigo, castanhas, frutos do mar, carnes em geral; ajuda a combater os radicais livres e auxiliam na renovação celular e sua deficiência está relacionada a alterações de comportamento.
A manutenção de uma alimentação equilibrada e saudável mostra-se mais efetiva e benéfica do que o consumo de suplementos medicamentosos, já que os alimentos contêm substâncias que potencializam estes efeitos ao organismo.
Assim, procure manter em sua vida uma alimentação variada e saudável, pois esta atitude pode trazer benefícios para todo o seu organismo, em especial para saúde do seu cérebro!

Fonte: Albert Enstein
Continue Lendo...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ABRELA

A ABrELA, Associação considerada ainda jovem, tem mudado este paradigma.
As ações integradas desenvolvidas desde a sua fundação, em 1998, têm permitido conhecer e utilizar os recursos disponíveis tanto no âmbito institucional, quanto no sistema de saúde em geral, com melhoria da qualidade de vida tanto dos pacientes, quanto de seus cuidadores.

De acordo com sua missão, a ABrELA realiza seu trabalho da seguinte maneira:

orientação para pacientes e familiares;

divulgação de informações sobre a doença, seu diagnóstico e tratamento, por meio de: material informativo escrito (livretos, resumos dos simpósios internacionais de ELA) e pelos sites www.abrela.org.br e www.tudosobreela.com.br;

informação ao paciente e familiar sobre seus direitos: INSS, obtenção de medicamentos gratuitos, obtenção de respirador (BiPAP), isenções tarifárias e outros;

informação para profissionais da área de saúde;

reuniões bimestrais de orientação para pacientes, familiares, cuidadores e profissionais de saúde;

busca de recursos de atendimento médico e equipe multiprofissional, atendimento jurídico e social gratuitos e recursos da comunidade;

empréstimo e repasse de doação de material doado para a ABrELA por familiares e pessoas voluntárias: cadeira de rodas, cadeira de banho, fraldas descartáveis, cama hospitalar, sondas e outros;

captação de recursos para empréstimo e doação ao paciente e família. 

 Conheça melhor a ABRELA!
  http://www.abrela.org.br/#
Continue Lendo...

domingo, 4 de setembro de 2011

O dramático diagnóstico da ELA

A doença da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) assusta o mundo pela avassaladora destruição do organismo em poucos anos e a comunidade científica se mobiliza para buscar sua cura

Rachel Costa
chamada.jpg
"De repente, tudo caía das minhas mãos”
Guia de Ogum no pescoço e na constante companhia da irmã Cibele e da mãe, Nice, assim vive o professor paulista Edgard José
de Oliveira, 50 anos. Ele apenas balbucia palavras. Com supremo esforço e numa prova de superação, deu o seguinte depoimento:
“Foi tudo muito rápido. Senti o primeiro sintoma quando fui nadar e não consegui juntar os dedos da mão esquerda. Alguns meses depois tive dificuldades para mover o braço. O terrível diagnóstico demorou dois anos e meio, mas eu já estava de certa forma preparado para a ELA, sabia que podia ser esse o meu problema. A forma como a paralisia se espalhou pelo corpo foi assustadora. De repente não conseguia mais escrever e todo objeto que tentava segurar caía das minhas mãos. Veio a cadeira de rodas. Aprendi a me adaptar às mudanças. Hoje sei que a ELA pode até me matar, mas vai ter de brigar muito. Sou chato com a doença”.

Ela, a morte, se faz anunciar nas mais diversas enfermidades em diferentes graus de sofrimento. Ela, a morte, se faz anunciar da forma mais devastadora e no grau mais arrasador quando a doença se chama Esclerose Lateral Amiotrófica – que numa terrível coincidência tem por sigla justamente a palavra ELA. Pacientes e médicos gelam diante de tal diagnóstico, inaceitável porque ele aponta para um único prognóstico: a morte inexorável e por demais sofrida. Assim, receber a notícia de ser portador de ELA é receber nas mãos, sem apelação a Deus ou à ciência, uma sentença de morte. Ao doente, primeiro vai-lhe faltar força muscular para os movimentos mais simples: segurar uma caneta, fechar um zíper, apertar a válvula sanitária, abraçar um filho. Antes disso, ou logo depois dessas manifestações, podem ocorrer também quedas do nada – está-se andando e, de repente, desaba-se. Em poucos meses, a ELA evolui à paulatina e desesperante perda da fala, e ocorresse essa perda abruptamente seria menos chocante do que acontecer por etapas: dificuldade de pronunciar algumas palavras, depois um balbuciar, na sequência um emitir de grunhidos, finalmente a ausência de qualquer som e do mexer dos lábios – com muita saliva escorrendo pelo queixo. Aí vem a impossibilidade de andar, a cabeça insustentável para um pescoço que parece feito de mola, restando ao enfermo somente o movimento dos olhos – com o corpo paralisado, são eles, os olhos, que se tornam mais vivos e inquietos, até porque é através deles que o doente tenta expressar o que lhe vai pela mente. E como fica o cérebro em tudo isso? Como o condenado à morte que caminha lúcido para o patíbulo, o portador de ELA mantém-se com o raciocínio claro. Ele sabe tudo o que está acontecendo porque somente os neurônios que comandam nervos e movimentos se degeneram.
img.jpg
Imóvel na cama. Pouco consegue piscar. Mal fala. Respira por aparelhos e se alimenta através de sonda. O paulista Maurílio Pereira, 52 anos, adorava sentir o sabor dos alimentos. Com a perda da capacidade de deglutição, abateu-lhe a depressão: “A última coisa que comi foi uma musse de maracujá. Há dois meses não consigo mais engolir nem a saliva. Desde que começaram os problemas mais sérios de deglutição, também está mais difícil conversar. Quem me dá forças para seguir é minha mulher, a Cida. Estamos casados há 27 anos e ela me motiva a continuar vivendo. Com o tempo, estou mudando o modo como enxergo a ELA: antes a expectativa pela descoberta da cura era maior. Agora, embora não tenha exatamente aceitado a doença, estamos aprendendo a conviver com ela. Dei a mim uma nova função: dar conforto às pessoas e lhes mostrar que elas devem ser felizes, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo.”

Falou-se em caminhar rumo ao patíbulo. Pois bem, esse trajeto dura em média de três a cinco anos (a partir dos primeiros sintomas) quando então todos os músculos do corpo se petrificam e ela, a morte, finalmente vem sob a forma de parada respiratória. Hoje há no Brasil cerca de 14 mil pessoas vivendo esse drama e, no mundo, são aproximadamente 400 mil os que desenvolveram a doença. “Falar a um indivíduo que ele tem ELA é terrível, pois pouco temos a fazer diante da rápida progressão da enfermidade”, diz o pesquisador americano Walter Bradley, da Universidade de Miami, nos EUA.

G_esclerose_tecnologia.jpg
Sabe-se que a Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa causada pela morte dos neurônios motores, os responsáveis pelo comando da musculatura esquelética. O que não se sabe, porém, é quando a medicina chegará à cura. Hoje, trata-se a doença com intervenções que pretendem diminuir o o desconforto do paciente. Nessa direção há, por exemplo, fisioterapias, uma vez que sem elas o corpo definha ainda mais rapidamente. No campo dos remédios, existe uma substância que tenta proteger os neurônios, o riluzol, cuja eficácia pode ser comparada à de tentarmos nos aquecer vestindo uma camiseta de manga curta sob uma temperatura de 30 graus negativos. Essa carência de remédios leva à seguinte situação: ao contrário de outras doenças graves para as quais se prescrevem medicamentos pelo seu efeito principal, no caso de ELA a medicina se vale dos efeitos colaterais e indesejados. Por exemplo: antidepressivos que secam a boca são úteis porque inibem a excessiva salivação. Quase nada mais tem-se a fazer, a não ser interromper todos os procedimentos quando a morte já se prepara, mesmo, para deitar-se com o enfermo. Cessam-se as intervenções, aplica-se teoricamente o conceito de morte digna e, praticamente, a sedação endovenosa.

img1.jpg
Em 10 de janeiro de 2010 veio o diagnóstico fatal: Esclerose Lateral Amiotrófica. Desde então o artista plástico de São Paulo José Carlos Alface, 55 anos, trava uma luta infernal contra a gradual paralisia. “Entrei em desespero quando soube que tinha a doença. A sensação que me invadiu após o diagnóstico foi a de ter ganhado uma loteria ao contrário: entre milhares de pessoas, eu fui o escolhido para ter ELA, para perder meus movimentos e conviver com a morte. Meu pescoço está frágil, o que me obriga a usar um apoio para a cabeça enquanto pinto. Não gosto de pensar no que vem pela frente: cadeira de rodas, cama, imobilidade total, morte. Vivo cada dia como se fosse o último.”

A doença demanda médicos bem qualificados (são muitas as comorbidades, sobretudo infecções), nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, enfermeiros noite e dia, equipamentos de respiração e ventilação dos pulmões, programas especiais de computador que ajudem na comunicação. A rotina de todos, doente e cuidador, é estafante: a vida social acaba, o repouso noturno é trocado pela vigília constante, surgem momentos de profunda depressão. Mas, como em tudo na vida, é nos momentos em que ela parece mais frágil que o desânimo dá lugar a lampejos de esperança. “O paciente se entristece, mas tira forças de quem está ao seu lado”, diz a psicóloga Vânia de Castro, do Setor de Investigação em Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), referência no tratamento de ELA no Brasil.
“Temos uma oferta mínima de profissionais capacitados”, diz Sílvia Tortorella, diretora do Instituto Paulo Gontijo, uma das instituições brasileiras que financiam pesquisas sobre a moléstia. “Há uma complicação imensa para a realização do diagnóstico.” Em geral, o indivíduo peregrina um ano de consultório em consultório, de laboratório em laboratório, até que a doença seja identificada em diagnóstico por exclusão: quando não se comprova nenhuma outra possibilidade, é porque de fato é ELA. “É muito tempo, principalmente se considerarmos que o período de vida médio é de três a cinco anos”, diz o professor de neurologia Acary Souza Bulle Oliveira, responsável pelo centro de referência da Unifesp. Contam para essa demora diversos fatores. Para começar, poucos médicos conhecem bem a doença. Depois, há escassez de recursos tecnológicos apurados. Para fazer exames pelo SUS (eletroneuromiografia é crucial) o doente tem de esperar cerca de um ano. Há mais dificuldades. O serviço de fisioterapia em casa, essencial quando a paralisia se agrava, não é oferecido pela rede pública e são poucos os planos de saúde que o contemplam. Na verdade, na busca por mais direitos, os pacientes travam uma batalha desigual. A representá-los existe a Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica, que faz o que pode mas não tem força política. Já em Brasília não há sequer um parlamentar que brigue por esses doentes.

Info_esclerose1.jpgInfo_esclerose.jpg
Fontes: Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela); Manuais de Exercícios Domiciliares para Pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (Ed. Manole: 2001); Cristina Salvioni, nutricionista do ambulatório de ELA da Unifesp; Simone Gonçalves, fisioterapeuta respiratória do ambulatório de ELA da Unifesp; Acary Souza Bulle Oliveira, médico responsável pelo setor de investigação em doenças neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Francisco Rotta, médico especialista em neurofisiologia clínica e neurologia
 
Assim como ocorreu com o câncer e a Aids – enfermidades cujos diagnósticos representavam a morte e que hoje são, na maioria dos casos, controláveis –, o que se espera é que a ciência também golpeie a Esclerose Lateral Amiotrófica. Tanto é assim que, desde 1869, quando o médico francês Jean Charcot descreveu pela primeira vez as características essenciais da doença, avançou-se no conhecimento. Disseca-se aqui o nome desse mal: esclerose (endurecimento), lateral (porque começa por um dos lados do corpo), amiotrófica (porque atrofia os nervos). “Em 1990 conhecíamos seis processos envolvidos no seu desenvolvimento”, diz o médico Francisco Rotta, da Academia Brasileira de Neurologia. “Hoje conhecemos mais de 20 fatores e 12 genes.”
Para o futuro, a grande esperança são as pesquisas com células-tronco, estruturas versáteis capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo. O que se quer é usá-las para criar neurônios motores e implantá-los no lugar dos que estão “apagando”. Nos EUA, cientistas conduzem o primeiro estudo clínico daquele país para avaliar a eficácia de tais métodos e, no mês passado, anunciaram que, devido aos resultados observados nos três primeiros pacientes, tal procedimento é seguro. A cientista Svitlana Garbuzova-Davis, da Universidade do Sul da Flórida, estuda outra abordagem: testa o poder de frações de células tiradas do cordão umbilical onde estão contidas células-tronco. Elas são extraídas e injetadas em cobaias. Numa primeira etapa verificou-se a eficácia em ratos programados para desenvolver a doença, mas que não apresentaram sintomas. “Houve significativo retardo no surgimento e progressão dos sinais”, diz ela. Depois, em testes com animais que já manifestavam sintomas, constatou-se melhora no funcionamento motor.
g_ela.jpg

Há ainda um esforço mundial em busca de opções na área de medicamentos. Uma das drogas em estudo é o tamoxifeno, indicado para câncer de mama, mas que parece proteger os neurônios. A outra é a memantina, utilizada em portadores de mal de Alzheimer. Na Europa 15 centros iniciaram testes com 500 pacientes para verificar o desempenho da substância olesoxime, que atua na mitocôndria (central de energia das células), já que uma das muitas alterações que ocorrem na ELA é a degeneração dessa estrutura. O mesmo objetivo está sendo perseguido nos EUA pelo Massachusetts General Hospital Medical School, que analisa a performance de outra molécula (a KNS 760704) na proteção às mitocôndrias. Considerável parcela de pesquisadores volta-se também para os astrócitos, células em forma de estrela envolvidas na nutrição dos neurônios – se for possível fortalecê-las, ajudarão a impedir a sua destruição. “É uma aposta que pode ajudar a tratar a doença”, diz Sam Pfaff, cientista do Howard Hughes Medical Institute.
Outros grupos querem decifrar a gênese da ELA. Empenham-se em descobrir, por exemplo, as razões que levam à estranha agregação de proteínas sobre os neurônios, gerando-lhes uma toxicidade fatal. Na Inglaterra a cientista Jaqueline de Belleroche assegurou que “existe forte influência genética no desencadeamento desse mecanismo”. Também nessa mesma direção, a responsabilidade do sistema imunológico tem sido esmiuçada. “É o nosso novo alvo”, diz a geneticista Michal Schwartz, do Instituto Weiz­mann, em Israel. Ela concluiu que o mau funcionamento imunológico está associado à enfermidade. Hoje irre­mediavelmente fatal, como se vê a ELA se tornará com certeza uma doença tratável, já que renomados cientistas empenham-se em derrotá-la. É o sonho de suas vidas. É também o sonho que destruirá o pesadelo de quem padece de Esclerose Lateral Amiotrófica.

mafe.jpg
Continue Lendo...